Câmara de Vereadores de São Leopoldo
Câmara de Vereadores de São Leopoldo
Estado do Rio Grande do Sul

EXPEDIENTE N.° 3305 Moção N.º 032/2019

Proponente: Ver. Dudu Moraes

EXMO. SR. JOSÉ ARY MOURA

VEREADOR E PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE SÃO LEOPOLDO/RS.

Na oportunidade em que cumprimentamos cordialmente Vossa Excelência, viemos através deste, encaminhar a leitura em plenário da Moção de Repúdio Nº 01/2019.

MOÇÃO DE REPÚDIO À PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO (PEC 272/2019), QUE PRETENDE PRIVATIZAR A CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), A CRM (Companhia Rio-Grandense de Mineração) E A SULGÁS (Companhia de Gás do Rio Grande do Sul).

A CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE SÃO LEOPOLDO, Estado do Rio Grande do Sul, através dos Vereadores que abaixo subscrevem, vem, em consonância com o art. 78, IV, da Resolução Nº 132, de 09 de julho de 2019, Regimento Interno desta Casa, apresentar a presente MOÇÃO DE REPÚDIO à Proposta de Emenda à Constituição (PEC nº 272/2019), que propõe a privatização das três empresas estatais gaúchas, cujas cingem o setor energético no RS, CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), CRM (Companhia Rio-Grandense de Mineração) e Sulgás (Companhia de Gás do Rio Grande do Sul). Dito isso, apresenta-se abaixo os motivos fáticos que tangem a manutenção da estatização destas empresas:

  1. O setor energético é essencial para o desenvolvimento econômico de qualquer Estado, sobretudo no RS, cuja economia se submete em maioria ao setor primário, contudo, pois, cada vez mais, nota-se a importância do aperfeiçoamento do setor secundário, tanto para o fornecimento qualitativo de serviços à população, bem como para a estruturação de um setor econômico mais resistente, que é disponível, mas carece do processo de extração e distribuição.
  2. Os argumentos do Governador, Eduardo Leite, e do Chefe da Casa Civil, Otomar Vivian, consistem na insustentabilidade econômica destas empresas. Além disso, o Governador, em discurso na ALERGS (Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul), afirma que há uma “maioria silenciosa” que clama pela privatização, porém, simultaneamente, vislumbra como inviável o plebiscito popular devido à complexidade do tema. Na verdade, o governo nega a consulta popular, pois reconhece que a maioria da população gaúcha é contrária à venda das estatais.      
  3. A insustentabilidade financeira, da mesma forma, é um argumento frágil. A Sulgás, por exemplo, em dezembro de 2018 sua receita se aproximou dos R$ 86 milhões. A CEEE, segundo dados de 2018, obteve no ano de 2017 um resultado positivo de R$ 138,8 milhões. Sabendo disso, o governo alega que a privatização culminará no aumento da arrecadação do ICMS, porém, muitas vezes, empresas privadas obtém como contrapartida isenções fiscais e ainda sonegam impostos devidos.  
  4. A questão da qualidade e do preço do serviço oferecido à população gaúcha também deve ser objeto de reflexão. Em comparação às outras empresas fornecedoras de energia, a CEEE, por exemplo, destaca-se com projetos atenuadores do preço da tarifa, como a Tarifa Social e a Tarifa Branca.
  5. Outrossim, propõe-se uma reflexão sobre o mérito das privatizações. Há discursos que fadam ao fracasso as empresas estatais, taxando-as como corruptas e ineficientes. Todavia, esses discursos omitem a realidade das empresas que foram privatizadas no passado e que, atualmente, são objetos de insucesso. A Vale S.A., por exemplo, foi privatizada em 1997 pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso e, nos dias atuais, é símbolo de incompetência e desrespeito, pois é responsável pela tragédia em Brumadinho/MG.
  6. Ademais, a privatização destas empresas expressa desprezo e desrespeito aos funcionários concursados que nelas exercem funções relevantes.
  7. Por fim, compreende-se a PEC como critério de adequação do Regime de Recuperação Fiscal em relação à União. O governo do RS, para solucionar seu déficit financeiro, deve procurar outros métodos de aumento da receita, como, por exemplo, a devida cobrança da Lei Kandir, que já soma cerca de R$ 46 bilhões, o efetivo combate à sonegação fiscal, que no ano de 2017 já trouxe ao caixa gaúcho cerca de R$ 3 bilhões, entre outras medidas, ao invés de vender por valores, na maioria das vezes, irrisórios as empresas que convertem lucros aos caixas do Rio Grande do Sul.

Diante do exposto, considera-se plausível e coerente a apresentação desta Moção de Repúdio ao plenário desta Casa Legislativa. Posteriormente, os vereadores que subscrevem, solicitam o encaminhamento da presente Moção de Repúdio ao Exmo. Presidente da ALERGS (Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul), Luis Augusto Lara e aos demais Deputados e Deputadas, pugnando pela reprovação da PEC nº 272/2019, a fim de que seja promovido um efetivo e qualificado debate com todos os segmentos da sociedade gaúcha acerca de outras alternativas de minimização do déficit econômico no RS.

 Vereadores que subscrevem.

Fevereiro de 2019.

Documento publicado digitalmente por GERSON POLEZER em 15/02/2019 às 10:13:09.
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